segunda-feira, 28 de outubro de 2013

JUSTIFICATIVA E BASE LEGAL PARA O USO DE DETERGENTE ENZIMÁTICO


JUSTIFICATIVA E BASE LEGAL 

PARA O USO DO DETERGENTE ENZIMÁTICO


              De acordo com a RDC nº15, de 15 de março de 2012 que dispõe sobre Requisitos de Boas Práticas Para o Processamento de Produtos para Saúde, a Central de Materiais Esterilizados da Unidade de Pronto Atendimento João Samek é classificada como “CME Classe II” por realizar processamento de produtos para a saúde não-críticos, semicríticos e críticos de conformação complexa e não complexa, passíveis de processamento.
Conformação Complexa: Produtos para saúde que possuem lúmem inferior a 5 mm  ou fundo cego, espaços internos inacessíveis para fricção direta, reentrâncias ou válvulas.

                                  Conformação Complexa

Conformação Não Complexa: Produtos cujas superfícies internas e externas podem
ser atingidas por escovação durante o processo de  limpeza e tenham diâmetros superiores a 5 mm nas  estruturas tubulares.

                                  Conformação Não Complexa

           
A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, por intermédio da Unidade de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos – UIPEA -  e da Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde – GGTES, publicou o Informe Técnico nº01/09 que dispõe sobre “Princípios Básicos para Limpeza de Instrumental Cirúrgico em Serviço de Saúde” destacou a importância do processo de limpeza para alcançar a esterilidade do produto.

As formas bacterianas mais resistentes aos produtos desinfetantes/esterilizantes são as micobactérias, sendo precedidas pelas formas bacterianas esporuladas, cuja resistência  decorre de uma estrutura específica e uma baixa permeabilidade da parede da célula.

Essa propriedade é consequência da presença de uma parede celular composta por um alto conteúdo de ácidos micólicos e lipídicos que atuam como barreira aos agentes químicos.

Há uma preocupação quanto à infecções envolvendo Micobactéria Não Tuberculosas, por não se saber a exata fonte do microorganismo.

Somando a este fator tem-se ainda outras dificuldades como a remoção total de resíduos de tecidos e outros fluidos corporais que podem resultar na formação de camadas de matérias orgânicas mais difíceis de serem removidas, resultando na formação do biofilme.

O biofilme é uma forma de organização bacteriana onde a bactéria adere rapidamente às superfícies  úmidas formando colônias organizadas de células envoltas por uma matriz, sendo composta principalmente de polissacarídeos que facilitam a adesão na superfície, que por meio de um processo conhecido como despolimerização, soltam-se fragmentos de biofilme que podem ser transferidos para o paciente por meio de instrumentos acessórios durante o procedimento médico.

Vickery, Pajkos e Cossart (2004) alertam que as bactérias dentro dos biofilmes são 1000 vezes mais resistentes aos antimicrobianos que a mesma bactéria em suspensão.

A resistência dos biofilmes aos antibióticos, desinfetantes e biocidas determinam que utilizar método químico isolado, não é efetivo no combate a infecção.

Os Detergentes Enzimáticos são amplamente recomendados para a limpeza dos artigos porque ajudam a remover proteínas, lípides e carboidratos, dependendo da formulação do detergente.
              
Essas formulações podem conter várias combinações de protease, lípase e amilase, e a presença dessas enzimas contribuem para a natureza proteinácea do detergente enzimático e para uma adequada remoção dessas proteínas, após a limpeza é preciso que o enxague seja rigoroso.
             
As enzimas são moléculas de proteína que agem como catalisadoras em reações bioquímicas, aumentando a velocidade das mesmas decompondo estruturas moleculares complexas em estruturas mais simples, facilitando a sua dissolução.
              
As enzimas agem sobre a matéria orgânica (sangue, saliva, gordura, fezes, proteínas em geral) formando um substrato mais fácil de ser removido pelos detergentes, cada enzima age sobre um tipo específico de substrato, por exemplo, a protease age sobre as proteínas, amilase sobre os carboidratos e a lípase age sobre óleos e gorduras., já existem enzimas de nova geração como alcalases e savinases propiciando maior efetividade no processo.
              
A RDC nº 55, de 14 de novembro de 2012, da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, que dispõe sobre Detergente Enzimático de uso restrito em estabelecimento de assistência à saúde com indicação para limpeza de dispositivos médicos, traz as seguintes definições:

1.Detergente Enzimático para Limpeza de Dispositivos Médicos:  produto cuja formulação contém, além de um tensoativo, pelo menos uma enzima hidrolítica da subclasse das proteases EC 3.4, podendo ser acrescida de outra enzima da subclasse das amilases EC 3.2 e demais componentes complementares da formulação, inclusive de enzimas de outras subclasses, tendo como finalidade remover a sujidade clínica e evitar a formação de compostos insolúveis na superfície desses dispositivos;

2.Atividade Enzimática em Detergentes: capacidade que a enzima possui em catalisar uma reação, degradando substratos específicos, desde que o complexo enzimático contido no detergente esteja em condições ativas dentro da formulação;

3. Enzima Hidrolítica (EC3): enzima capaz de catalisar uma reação hidrólise;

4.Enzima Proteolítica (EC 3.4): enzima capaz de catalisar a hidrólise de ligação peptídicas;

5.Enzima Lipolítica (EC 3.1): enzima capaz de catalisar a hidrólise de ligações estéres de lipídeos;

6. Substrato: molécula ou substâncias-alvo cuja enzima é capaz de catalisar sua reação.
              
A RDC 55/12 determina as Características Gerais que o detergente enzimático deve conter (art.5º/art.13):

1. Os produtos são considerados de Risco 2;

2. Estão sujeitos ao registro na ANVISA;

3.Todos os laudos exigidos pela RDC 55/12 devem ser emitidos por laboratórios acreditados pelo Instituto nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro ou Habilitados na Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde – Reblas;

4.Os detergentes enzimáticos para limpeza de dispositivos médicos devem apresentar composição condizente com sua finalidade, não podendo conter substâncias que comprometam a atividade das enzimas ou danifiquem os materiais e equipamentos que enterrem em contato come estes produtos;

5.Para os detergentes enzimáticos com indicação de uso para limpeza de dispositivos médicos que contenham apenas um tipo de enzima, essa deve ser da subclasse das proteases EC 3.4.

6.Os detergentes enzimáticos para limpeza de dispositivos médicos não podem conter enzimas que comprometam a saúde da população, conforme normas vigentes;


7.  Os detergentes enzimáticos para limpeza de dispositivos médicos quando estiverem associados a substâncias com atividade antimicrobiana, devem obedecer à legislação específica, bem como cumprir o disposto neste regulamento;


8. Na formulação dos produtos de que trata este regulamento não são permitidas substâncias que sejam comprovadamente carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas para o homem segundo a Agência Internacional de Investigação sobre o Câncer da Organização Mundial de Saúde (IARC/OMS);


9.As embalagens para os produtos de que trata este regulamento não devem permitir a migração de substâncias tóxicas das mesmas para o produto, bem como migração do produto para o meio externo e devem ter características que garantam a estabilidade durante o seu prazo de validade;


10.O registro de detergentes enzimáticos para uso em estabelecimentos de assistência à
saúde e com indicação para limpeza de dispositivos médicos fica restrito à aplicação/manipulação profissional.
              
Além destes requisitos, o Detergente Enzimático deve atender aos Requisitos para Registro Sanitário, à Rotulagem e aos Ensaios Analíticos para Determinação da Atividade Enzimáticas descritos na RDC Nº55/12.




PORQUE USAR TESTE BOWIE DICK EM AUTOCLAVE DE PRÉ-VÁCUO


PORQUE USAR  TESTE BOWIE DICK EM AUTOCLAVE DE PRÉ-VÁCUO



            As autoclaves que realizam a esterilização por vapor saturado sob pressão são as que utilizam  o método  que oferece maior segurança ao meio hospitalar.
Estes equipamentos constituem-se basicamente de uma câmara em aço inox, com uma ou duas portas, possuem válvula de segurança, manômetros de pressão e um indicador de temperatura.
Podem ser divididas em dois tipos:
1.      Autoclave gravitacional: o ar é removido por gravidade, assim quando o vapor é admitido na câmara, o ar no interior desta, que é mais frio (mais denso), sai por uma válvula na superfície inferior da câmara. Pode ocorrer a permanência de ar residual neste processo, sendo a esterilização comprometida principalmente para materiais densos ou porosos.
2.      Autoclave pré-vácuo: o ar é removido pela formação de vácuo, antes da entrada do vapor, assim quando este é admitido, penetra instantaneamente nos pacotes.(Esquema Autoclave, *Fonte: APECIH, 1998).
As autoclaves podem ainda ser do tipo horizontal ou vertical. As do tipo horizontal possuem paredes duplas, separadas por um espaço onde o vapor circula para manter o calor na câmara interna durante a esterilização; as do tipo vertical não são adequadas pois dificultam a circulação do vapor, a drenagem do ar e a penetração do vapor devido à distribuição dos pacotes a serem esterilizados, que ficam sobrepostos.
            As autoclaves  de pré vácuo tem seu mecanismo de ação e o ciclo de esterilização  de efeito letal, pois decorrem da ação conjugada da temperatura e umidade.
O vapor, em contato com uma superfície mais fria, umedece, libera calor, penetra nos materiais porosos e possibilita a coagulação das proteínas dos microrganismos.
O ciclo de esterilização compreende:
1.      Remoção do ar: para que a esterilização seja eficaz, é necessário que o vapor entre em contato com todos os artigos da câmara e, para que ocorra a penetração do vapor em toda a câmara e no interior dos pacotes, é preciso que o ar seja removido. 
2.      Admissão do vapor: é também o período de exposição. Este é iniciado pela entrada do vapor, substituindo o ar no interior da câmara. O tempo de exposição começa a ser marcado quando a temperatura de esterilização é atingida. O tempo de exposição pode ser dividido em três partes: tempo de penetração do vapor, tempo de esterilização e intervalo de confiança.
3.      Exaustão do vapor: é realizada por uma válvula ou condensador. A exaustão pode ser rápida para artigos de superfície ou espessura; para líquidos a exaustão deve ser o mais lenta possível para se evitar a ebulição, extravazamento ou rompimento do recipiente.
4.      Secagem dos artigos: é obtida pelo calor das paredes da câmara em atmosfera rarefeita. Nas autoclaves de exaustão por gravidade, o tempo de secagem varia de 15 a 45 minutos; nas autoclaves de alto vácuo o tempo é de 5 minutos.

O QUE É TESTE BOWIE DICK

Inventado por Dr. Bowie e Sr. Dick no ano de 1960, o indicador Bowie-Dick – BD -  foi desenvolvido  para monitorar, diariamente, autoclaves com bomba de vácuo e ciclos de pré-vácuo em esterilizadores a vapor.
A tinta indicativa da folha de teste é livre de chumbo e foi quimicamente formulada para reagir à presença do vapor saturado, sendo extremamente sensível à presença de ar, não contem metais pesados em sua formulação e sua folha é plastificada proporcionando maior sensibilidade ao teste.
Por isso, uma correta exposição assegura a uniformidade da cor após a suficiente eliminação de ar do pacote.

ISO 11.149:2005

A norma ANSI-AAMI-ISO 11.140:1(2005) classifica os indicadores químicos segundo suas funções básicas e o Teste Bowie Dick é considerado de  CLASSE 2.
Os Indicadores Químicos de Classe 2 são para uso específico em autoclaves que possuem bombas de vácuo.
Podem ser testes em folhas destinados à confecção de pacote contendo campos de algodão ou toalhas, ou ainda em pacotes prontos.




Folha Bowie Dick antes e depois do uso. A folha com mudança total para cor preta significa resultado satisfatório, já as folhas com manchas amareladas significa falha no pré-vácuo, o que inviabiliza a eficácia da esterilização



A vantagem do pacote pronto para o teste Bowie Dick é que não precisa de campo de algodão.


Como montar o pacote de campo para realizar o Teste Bowie Dick.
 A desvantagem a folha avulsa é o desgaste dos campos de algodão

É importante frisar que este teste deve atender às partes da norma ANSI-AAMI-ISO 11.140:3(2005), ANSI-AAMI-ISO 11.140:4 (2005) e ANSI-AAMI-ISO 11.140:5 (2005).
O Teste Bowie Dick é indicado para descobrir vazamentos de ar, penetração inadequada de vapor e falhas da bomba de vácuo. O pacote de teste foi projetado para uso único e individual, conforme a norma ISO 11.140-4, com a grande vantagem de proporcionar ao usuário sempre o mesmo padrão de leitura dos resultados, aumentando assim a precisão do teste e a qualidade final do serviço.
O teste Bowie-Dick é colocado no esterilizador no local mais difícil de atingir as condições de esterilização, (normalmente acima do dreno, perto da porta) em um ciclo de 3.5 a 4 minutos a 134°C.
A retenção de ar no pacote pode ser decorrente de falhas, que vão desde problemas com o equipamento (guarnições, válvulas etc...) ou até mesmo o empacotamento, quando este não atende o que especifica a norma para fabricação do teste.
O indicador Bowie & Dick deve demonstrar uma mudança uniforme de cor após a exposição ao vapor saturado a 134°C por 3.5 a 4 minutos, lembrando que tempo de secagem não influi no processo e pode ser eliminado.

RESOLUÇÃO SESA Nº457/2008

            O Secretário de Estado de Saúde do Paraná, por intermédio da Resolução SESA nº 457/2008 que dispõe sobre  o Regulamento Técnico que estabelece as ações de saúde a serem desenvolvidas no controle da Micobactéria Não Tuberculosa de Crescimento Rápido – MNTCR, no Estado do Paraná, determina que:

5.6. CONTROLE DO PROCESSO. 5.6.1. Deve ser realizado monitoramento com indicador biológico, monitoramento químico com integrador e/ou emulador, teste Bowie & Dick (em autoclaves de alto vácuo) e monitoramento físico da temperatura e pressão, conforme o método de esterilização escolhido e periodicidade estabelecida em protocolos.

RESOLUÇÃO SESA Nº 321/2004 – LICENÇA SANITÁRIA

            O Secretário de Estado de Saúde do Paraná, por intermédio da Resolução SESA Nº321/2004 determina os requisitos mínimos para a liberação da Licença Sanitária para estabelecimento de saúde.
            De acordo com o Anexo I, o item 11 da Resolução que trata dos requisitos mínimos obrigatórios para o setor de Central de Material Esterilizado, inclui o Teste Bowie Dick como requisito a ser cumprido.

RESOLUÇÃO RDC Nº15/2012

            A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por intermédio de sua Diretoria Colegiada determinou a Resolução RDC Nº 15/2012 dispoe sobre os Requisitos de Boas Práticas para o processamento de produtos de saúde, regulamenta em seu artigo 93:

Art. 93 É obrigatório a realização de teste para avaliar o desempenho do sistema de remoção de ar (Bowie & Dick) da autoclave assistida por bomba de vácuo, no primeiro ciclo do dia.

PERIODICIDADE

            O Teste Bowie Dick deve ser realizado diariamente, no primeiro ciclo em cada autoclave.

QUANTIDADE

            A quantidade de folhas, independente se for caixa com folhas ou pacote pronto, é de uma por dia para cada autoclave.
            Se houver necessidade de conserto da autoclave, para ser liberada novamente para uso, ela deve ser submetida primeiramente ao Teste Bowie Dick e após o teste biológico.
Há no mercado caixas com 15 folhas cada, caixas com 50 folhas e caixas com 100 folhas, portanto a quantidade de caixas dependerá da marca que será adquirida para atingir a quantidade de folhas necessárias.



 Rosana Tosti Rizzato. Graduada em Direito pela UDC e em Gestão Pública pelo IFPR. Técnica de Enfermagem na CME da UPA João Samek.

TESTE BIOLÓGICO E SUA OBRIGATORIEDADE

INDICADOR BIOLÓGICO E SUA OBRIGATORIEDADE


O Indicador Biológico consiste de um preparado de um microrganismo específico, resistente a um determinado processo de esterilização, usado para qualificação de uma operação física de um aparelho de esterilização, no desenvolvimento e estabelecimento de processo de esterilização validado para um artigo específico, e na esterilização de equipamento, material e embalagens para processamento asséptico.
             
O Indicador Biológico apresenta-se em duas formas principais, cada uma das quais incorpora uma cultura viável de uma espécie conhecida de microrganismo.
            
Em uma, os esporos são adicionados a um veículo (disco ou tira de papel de filtro, vidro ou plástico) e embalado de modo que mantenha a integridade da carga inoculada e que o agente esterilizante exerça seu efeito quando necessário, já em outra, os esporos são adicionados a unidades representativas do lote a ser esterilizado (produto inoculado) ou a unidades similares (produto similar inoculado).
            
Esses produtos se encaixam atuando simultaneamente como uma simplificação e como uma homogeneização dos processos de esterilização.

A determinação destes foi realizada com base em conceitos pesquisados e estudados, sendo que os microrganismos escolhidos foram aqueles que apresentaram maior resistência a um determinado processo de esterilização, ou seja, ao realizar um processo de esterilização, com base na curva de morte de um determinado microrganismo, é possível alcançar uma esterilização em nível mais seguro e confiável, relacionando a eficácia do processo e seu intuito: a esterilidade dos produtos expostos ao processo.

O Geobacillus Stearothermophilus é um microrganismo não patogênico e, graças à sua termofilia é utilizado no monitoramento e validação de ciclos de esterilização por calor úmido, realizados em equipamentos denominados autoclaves.

O processo de esterilização, cujo objetivo final é a eliminação da carga microbiológica de um produto, é passível de monitoramento e controle, como qualquer etapa do processo produtivo.

Dada à natureza do processo, existem duas formas de avaliar a eficácia, uma direta, via teste de esterilidade, no qual o produto é submetido a uma cultura de microrganismos para verificar se ocorre algum tipo de crescimento; e outra indireta, onde se utiliza um padrão que é submetido ao mesmo processo de esterilização que o produto e então avaliado.

ISO 11138

A forma indireta descrita acima utiliza como referência os produtos conhecidos como bioindicadores ou indicadores biológicos.

Esporos de Geobacillus Stearothermophilus são considerados convenientes indicadores biológicos na esterilização pelo calor úmido.

Esse é o parâmetro escolhido para certificar-se de que o nível de esterilidade estabelecido para o produto é alcançado, conferindo a certeza da esterilidade garante à margem de segurança mínima definida de apenas 01 unidade contaminada em 106 UFC.

O Geobacillus Stearothermophilus é uma bactéria termofilia cuja temperatura ideal de crescimento esta entre 55-60º.

As fábricas seguem um controle adequado na fabricação, armazenamento e no emprego dos bioindicadores padronizados internacionalmente pela ISO 11138, pois muitos fatores podem influenciar no desempenho ideal do indicador biológico.

Sendo o crescimento uma resposta de um indicador biológico rotineiramente usado na fabricação e na liberação de produtos estéreis, um controle adequado no sistema de recuperação assegura uma válida representação da eficiência do processo.

Quando usado na forma adequada o bioindicador quantifica satisfatoriamente a eficiência do processo de esterilização pela integração dos fatores letais de tempo e de temperatura, sobre a população microbiana.

Portanto, ele tem por função estabelecer, avaliar e monitorar os parâmetros físicos do ciclo de esterilização para o equipamento definido, qualificar o nível de esterilidade alcançado e documentar a eficiência do processo.

São classificados em:

1º Geração
Tiras de papel inoculadas com esporos (antes de 1970). Acondicionados em envelopes de papel. Resultado em 07 dias.
2º Geração
Tiras de papel inoculadas com esporos. Auto contidas com meio de cultura. Resultado em 24 ou 48 horas.
3º Geração
Tiras de papel inoculadas com esporos. Auto contidas com meio de cultura. Baseada em identificação de enzimas. Resultado em 03 horas

DESCRIÇÃO

Cada tubo contém uma população de esporos de Geobacillus Stearothermophilus ATCC 7953 embebidos em uma tira de papel e um meio indicador de crescimento de cor purpura contido na ampola de vidro.

Indicados para o controle de processos de esterilização a vapor satura a temperatura de 121º, 132º, 134º, 135ºC.


PERIODICIDADE

De acordo com a Resolução SESA Nº 457/2008 a periodicidade do monitoramento com indicador biológico era semanal, mas como explica a Enfermeira Claudia Ribeiro[1], entretanto, essa Resolução foi substituída pela RDC Nº15 de 15 de março de 2012, que determina o Monitoramento Diário conforme descrito no Art. 99:

O monitoramento do processo de esterilização com indicador biológico deve ser feito diariamente, em pacote desafio disponível comercialmente ou construído pelo CME ou pela empresa processadora, que deve ser posicionado no ponto de maior desafio ao processo de esterilização, definido durante os estudos térmicos na qualificação de desempenho do equipamento de esterilização.


QUANTIDADE


A quantidade de ampolas que deve ser utilizada em cada monitoramento depende do Manual do Fabricante.

Tanto a marca Sispack quanto a EzTest recomendam a utilização de no mínimo 02 (dois) Indicadores Biológicos na carga a ser esterilizada (dentro da autoclave) e uma ampola de Indicador Biológico não submetido ao processo de esterilização como controle positivo, pois o resultado positivo garante as condições de incubação adequadas, portanto, por dia serão usadas 03(três) ampolas de Indicador Biológico.

Proporcionalmente, caso o fabricante de alguma outra marca, determine o uso de 01 ampola dentro da autoclave e 01(uma) para o controle positivo, então serão usadas 02(duas) ampolas por dia.

Sempre que for necessário fazer a  requalificação da autoclave por mudança de local de instalação, mau funcionamento, reparos em partes do equipamento ou suspeita de falhas no processo de esterilização, de acordo com a RDC Nº15/12, artigo 40, VI e artigo 41, é necessário realizar tanto teste químico quanto biológico.

Entre Setembro de 2010 e Dezembro de 2011 foram realizadas 06 (seis) Monitoramentos Pós-Conserto e no período de Janeiro de 2012 à Dezembro de 2012 foram realizadas 16 (dezesseis) Monitoramentos Pós-Conserto.

De forma Periódica, o monitoramento com Indicador Biológico é realizado 01 (uma) vez por semana com 03 ampolas para cada autoclave e a UPA  contava com 02(duas) autoclaves de 100 litros cada.




Monitoramento






Pós-Instalação
Periódico
Pós-Conserto
Total de monitoramento por período
Total de ampolas usadas por período em cada autoclave
Quantidade de ampola usada por período
20102011
Sercon
01
61
05
67
201
387
Ortosíntese
--
61
01
62
186

2012
Sercon
--
53
07
60
180
360
Ortosíntese
--
53
09
62
186

1.        Somar o monitoramento de cada autoclave;
2.        O total de monitoramento por período é multiplicado por 03 (quantidade de ampola).

No ano de 2010/2011 foram usadas 387 (trezentos e oitenta e sete) ampolas de Indicadores Biológicos.
No ano de 2012 foram usadas 360 (trezentos e sessenta) ampolas de Indicadores Biológicos.

Para fazer a previsão de quantidade de ampola que deverá ser comprada deve ser levado em considerado que em 01 (um) ano, 06 meses possuem 04 semanas,  portanto são 4 monitoramentos por mês e que 06 meses possuem 05 semanas, portanto são cinco monitoramentos por mês.

Previsão de 06 meses para 01 autoclave somente para Periódico
01 semana
01 mês
02 meses
03 meses
04 meses
05 meses
06 meses
03
15
17
42
54
69
81

            No ano de 2012 foram necessárias 48 (quarenta e oito) ampolas somente para os consertos da autoclave.

Resultado de imagem para teste biologico
IMPORTÂNCIA DO TEMPO DE LEITURA


Há Indicadores Biológicos com leitura do resultado em até 03 (três) horas, de 24/48 horas e de até 07 (sete) dias.

Entretanto, o fabricante adverte quanto à necessidade de aguardar o resultado negativo do Indicador Biológico para que o esterilizador (autoclave) seja usado novamente e o material esterilizado seja entregue para uso.

Se o monitoramento deve ser realizado diariamente, o prazo máximo entre um controle e outro é de 24 (vinte e quatro) horas, se não houver problemas de manutenção na autoclave, caso em que o controle deverá ser repetido.

Por isso é importante o cuidado com as características do Indicador Biológico no ato da compra, sendo consideravelmente importante a aquisição do Indicador Biológico com leitura do resultado no tempo máximo de 03 (três) horas para o cumprimento seguro e eficiente do monitoramento conforme determina o fabricante e legislação acima descrita.


LICENÇA SANITÁRIA

A Resolução SESA Nº 321/04, artigo 2º, §1º, que dispõe sobre as habilitações que os Serviços de Saúde devem possuir para funcionar através da Licença Sanitária, e que após inspeção, todas as exigências devem ser cumpridas, determina ainda que:

 Resolução Nº321/04, Art. 2º, §1º: O descumprimento das normas estabelecidas neste roteiro tipifica ilícito administrativo de competência sanitária, estando sujeito às cominações das penalidades e aplicação do processo administrativo previstos na Lei Estadual n.º 13.331, de 23 de novembro de 2001 e Decreto Estadual n.º 5.711, de 23 de maio de 2002, além das penas previstas nas legislações sanitárias específica Estaduais e Municipais, sem prejuízo das responsabilidades civil e penal decorrentes do ato.

De acordo com o roteiro em anexo na Resolução Nº 321/04, item 11.8 o Controle Biológico do processo de esterilização com validação ou frequência mínima (de acordo com o fabricante), é um dos requisitos que devem ser cumpridos.
           




[1] Enfermeira da Secretaria do Estado da Saúde do Paraná. Telefone: (41) 33.30.43.00/33.30.40.60/33.30.44.14. e-mail: claudiaribeiro@sese.pr.gov.br